quarta-feira, 24 de junho de 2009

uma reflexão sobre criatividade e livre arbítrio (PETER KOESTENBAUM)

Aristóteles acreditava, corretamente, que coragem é a primeira das virtudes humanas, porque ela torna as demais possíveis. Coragem começa com a decisão de encarar a verdade última sobre a existência: o pequeno e sórdido segredo de que somos livres. Isto requer uma compreensão do livre arbítrio no nível arquetípico – uma compreensão de que somos livres para definir quem somos nós a cada momento. Nós não somos o que a sociedade e o acaso fizeram de nós; somos o que escolhemos ser nas profundezas do nosso íntimo. Nós somos produto do nosso arbítrio.

Um dos problemas mais graves na vida é a autolimitação. Criamos mecanismos de defesa para nos protegermos da ansiedade que vem com a liberdade. Recusamo-nos a desenvolver todo nosso potencial. Vivemos apenas marginalmente. Esta é a definição freudiana de psiconeurose: nós limitamos nossa vida para podermos limitar a quantidade de ansiedade que sentimos. Terminamos adormecendo muitas das funções da vida. Nós fechamos os centros empreendedores e o pensamento criativo; como efeito, paramos o progresso e o crescimento. Mas nenhuma decisão significativa jamais foi tomada sem ser seguida de uma crise existencial, ou sem o comprometimento com a marcha através da ansiedade, da incerteza e da culpa.

Este é o significado da palavra transformação. Você não pode apenas mudar o pensamento ou a atitude – você tem que mudar seu arbítrio, sua vontade. Você precisa ganhar controle sobre os padrões que governam sua mente: sua visão de mundo, suas crenças sobre o que você merece e sobre o que é possível. Esta é a zona fundamental da mudança, da força e da energia – e o significado da coragem.Algumas pessoas são mais talentosas do que outras. Algumas receberam educação mais aprofundada do que outras. Mas todos nós temos a capacidade de sermos grandes. A grandeza vem com o reconhecimento de que nosso potencial é limitado apenas pela maneira como fazemos escolhas, como usamos nossa liberdade, o quanto somos resolutos, o quanto somos persistentes – resumindo, pela nossa atitude. E todos somos livres para escolhermos nossa atitude.

2 comentários:

  1. Tem um chavão que diz que o corajoso não é o que não sente medo, mas aquele que os enfrenta. Vivo nisso o tempo todo e tenho muuuuinto medo de todas as decisões sem lastro que tomo e é uma adrenalida me jogar contra o lugar comum, num precipício de incertezas, mas que a confiança em meu arbítrio transforma em paraquedas. Tenho ansiedade por minhas decisões que beiram a esquizofrenia, mas não consigo viver em limites que não são meus, sinto o ar fresco que vem do outro lado dos muros da acomodação e avanço persistentemente na direção de minhas crises existenciais. É muito difícil. É muito duro ser mal compreendida, parece que falo outra língua e vivo noutro planeta, mas apesar de tudo isso, de todo esse caos que me cerca, culpa e retalha, sinto na plenitude o prazer de viver profundamente minha vida, e isso me basta para justificar tudo e me dar forças mitológicas mesmo no mais profundo inferno existencial.

    ResponderExcluir
  2. Isso tudo foi só pra dizer o quanto adorei e me confortou ler este texto..rsrsrsr

    ResponderExcluir