quinta-feira, 9 de julho de 2009

sobre a complexidade



"À primeira vista, a complexidade é um tecido (complexus: o que é tecido em conjunto) de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Na segunda abordagem, a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomenal. Mas então a complexidade apresenta-se com os traços inquietantes da confusão, do inextricável, da desordem, da ambiguidade, da incerteza... Daí a necessidade, para o conhecimento, de pôr ordem nos fenômenos ao rejeitar a desordem, de afastar o incerto, isto é, de selecionar os elementos de ordem e de certeza, de retirar a ambiguidade, de clarificar, de distinguir, de hierarquizar... Mas tais operações, necessárias à inteligibilidade, correm o risco de a tornar cega se eliminarem os outros caracteres do complexus; e efetivamente, como o indiquei, elas tornam-nos cegos." (MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 1991.)


Wikipédia:

Na busca do verdadeiro pensamento complexo de Edgar Morin, esbarramos no entendimento de outros conceitos, entre eles, é o de operadores de complexidade:

- Operador dialógico que é diferente de operador dialético
- Operador recursivo
- Operador hologramático

O operador dialógico envolve o entrelaçar coisas que aparentemente estão separadas:

- Razão e emoção
- Sensível e inteligível
- O real e o imaginário
- A razão e os mitos
- A ciência e a arte

Trata-se da não existência de uma síntese, tudo isto consiste o chamado "dialogizar".

O operador recursivo, trata principalmente do fato de que sempre aprendemos que uma causa A produz um efeito B. Na recursividade a causa produz um efeito, que por sua vez produz uma causa. Exemplo: Somos produto de uma união biológica, entre um homem e uma mulher e por nossa vez seremos geradores de outras uniões.

O operador hologramático, trata de situações em que você não consiga separar a parte do todo. A parte está no todo, assim como o todo está na parte. Esses três operadores são as bases do pensamento complexo. Em resumo temos:

- Juntar coisas que estavam separadas
- Fazer circular o efeito sobre a causa
- Ideia de totalidade: Não dissociar a parte do todo. O todo está na parte assim como a parte está no todo.

Com esses três operadores, você criará a noção de totalidade, mas ao mesmo tempo, criará uma concepção de que a simples soma das partes não leva a esse total. A totalidade (no pensamento complexo), é mais do que a soma das partes e simultaneamente menos que a soma das partes.

Nós somos considerados seres:

- Que falam;
- Que fabricam seus próprios instrumentos;
- Simbólicos, pois criamos nossos símbolos, nossos mitos, e nossas mentiras.

O pensamento complexo afirma também que, além disso, somos complexos. Isto porque estamos inscritos numa longa ordem biológica e porque somos produtores de cultura. Logo, somos 100% natureza e 100% cultura. O conhecimento complexo não está limitado à ciência, pois há na literatura, na poesia, nas artes, um profundo conhecimento. Todas as grandes obras de arte possuem um profundo pensamento sobre a vida. Segundo o próprio Morin, devemos romper com a noção de que devemos ter as artes de um lado e o pensamento científico do outro.


Ensinar a condição humana

Não somos um algo só. Somos indivíduos mais que culturais: somos psíquicos, físicos, míticos, biológicos etc.

A educação do futuro deverá ser um ensino primeiro e universal centrado na condição humana. O humano permanece cruelmente dividido, fragmentado, enuncia-se um problema epistemológico, e é impossível conceber a unidade complexa do humano por intermédio do pensamento disjuntivo, que concebe a nossa humanidade de maneira insular, por fora do cosmos que o rodeia, da matéria física e do espírito do qual estamos constituídos, nem tampouco por intermédio do pensamento redutor que reduz a unidade humana a um substrato bio–anatômico.

Enraizamento/desenraizamento - Embora enraizados no cosmos e na esfera viva, os humanos desenraizaram-se pela evolução.

Condição cósmica/condição física/condição terrestre/condição humana - Somos ao mesmo tempo seres cósmicos e terrestres. Somos resultado do cosmos, da natureza, da vida, mas devido à nossa própria humanidade, à nossa cultura, à nossa mente, à nossa consciência, tornamo-nos estranhos a este cosmos do qual fazemos parte. Evoluímos para além do mundo físico e vivo. É neste mais além que se opera o pleno desdobramento da humanidade.

- A unidualidade – O homem é um ser plenamente biológico, mas senão dispusesse plenamente da cultura seria um primata do mais baixo nível. O homem só se completa em ser plenamente humano pela e na cultura. Não existe cultura sem cérebro humano, mas não há mente ou seja, capacidade de consciência e de pensamento sem cultura. A mente é uma emergência do cérebro, que suscita cultura, a qual não existiria sem cérebro. Uma outra face da complexidade humana que integra a animalidade na humanidade e a humanidade na animalidade. As relações entre a razão/afeto/impulso não são só complementares, mas também antagonistas admitindo os conflitos entre a impulsividade, o coração e a razão.

Um comentário:

  1. Sistemas complexos foram tratados por Morin de modo diferente, excêntrico, criando a optica do difuso. Os pianos assincronos que tenho lentamente trabalhado, assim como as ondas escritas, apresentado na conecta, foram iluminados pelo texto dele que, se quizerem, tenho em original.
    Abrazos,
    al siedler

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